Fóssil humano de 1800 anos conta a história da luta entre um gladiador e um leão

Descoberta foi feita em um antigo cemitério romano na Inglaterra e fornece a primeira prova física de combates entre humanos e feras nas arenas do Império.

Durante uma escavação em York, no Reino Unido, pesquisadores identificaram marcas de mordida de um grande felino — provavelmente um leão — no osso do quadril de um homem enterrado há cerca de 1.800 anos. A descoberta, publicada na revista PLOS ONE, representa a primeira evidência física de que gladiadores realmente enfrentaram feras em arenas do Império Romano, algo até então conhecido apenas por registros históricos e representações artísticas.

O esqueleto, chamado de 6DT19, foi encontrado em meio a outros mais de 80 indivíduos em um cemitério romano escavado em 2004, durante uma obra residencial. A maioria dos enterrados era de homens jovens, com ossos marcados por traumas e, em muitos casos, decapitações. Inicialmente, cogitou-se que fossem soldados ou escravizados, mas os traços de lesões curadas e os padrões de sepultamento sugeriram outra hipótese: seriam lutadores de arena.

Como os cientistas confirmaram o ataque do leão?
Para testar a hipótese de que as marcas nos ossos foram causadas por um felino, os pesquisadores analisaram carcaças de animais que haviam sido alimentadas a leões e outros grandes predadores em zoológicos britânicos. Com escaneamentos 3D e modelagens de luz, mapearam os padrões de mordidas recentes e os compararam com os traços encontrados no esqueleto romano. O resultado foi claro: as mordidas correspondiam às deixadas por um leão.

Apesar da ferida no quadril não parecer fatal — leões geralmente atacam o pescoço ao matar —, os cientistas acreditam que o gladiador estava já ferido ou imobilizado quando foi mordido, talvez durante o próprio combate. A ausência de cicatrização indica que os ferimentos ocorreram no momento da morte ou logo depois.

Por que essa descoberta importa?
Embora as lutas entre homens e animais selvagens tenham sido largamente documentadas na iconografia e na literatura da Roma antiga, nenhum outro esqueleto gladiador conhecido apresentava sinais claros de ataques por animais. Isso tornava difícil comprovar se os relatos antigos eram precisos ou exagerados. A descoberta em York, longe do centro do Império, reforça que essas práticas ocorriam também em províncias distantes, e não apenas nas arenas monumentais como o Coliseu.

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